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Samuel de Jesus é pedagogo e atuou como gestor e técnico em projetos Sociais e Educador Social


Samuel de Jesus Pereira é licenciado em Pedagogia (UNIFAI), pós-graduado em Alfabetização e Letramento (Faculdade Sumaré) e Gestão de Projetos Sociais (PUC-SP). Atuou como gestor e técnico em projetos Sociais e Educador Social. Atualmente é professor de ensino fundamental I e professor orientador de educação integral nas ações do Programa Mais – Educação – MEC Governo Federal, na E.M.E.F. João Amós Comenius – SP.

CDHEP: Qual foi o impacto da formação em Justiça Restaurativa para você?

Samuel: A formação mudou totalmente minha maneira de pensar e me relacionar com as pessoas. É impossível passar por essa vivência e não repensar a sua vida, o que você faz, seus objetivos e sua contribuição para um mundo melhor. Assim comecei a perceber como essa mudança aconteceria, primeiramente em minha casa com a minha família (filho e esposa), depois pensei como isso se daria no ambiente do trabalho e nos relacionamentos cotidianamente. Passei a ser mais tolerante e respeitoso com algumas questões que tinha dificuldade em entender, ouvir mais as pessoas e estar aberto para dialogar sem que necessariamente que o outro concordasse com as minhas ideias. Além disso, aprendi a lidar com meus sentimentos, expressá-los e nomeá-los e não apenas escondê-los.

CDHEP: O que mudou no seu trabalho?

Samuel: Quando fiz a primeira formação, os Fundamentos de Justiça Restaurativa – ESPERE trabalhava como assistente técnico em um Centro para Crianças e Adolescentes (CCA). Nessa ocasião desenvolvemos uma proposta de trabalho construídas na perspectiva frereina (dialógica e democrática). Assim inserimos a metodologia da Escola de Perdão e Reconciliação com as crianças e adolescentes, os círculos de paz e a mediação de conflitos. Tínhamos as crianças e adolescentes que nos ajudavam mediando às relações conflituosas em todos os espaços do CCA. E participavam de todas as decisões desde a escolha do cardápio até os eventos culturais, Isso foi “assustadoramente” significativo.

No trabalho com adolescentes e jovens em conflito com a lei e usuários de substâncias psicoativas, sempre procurei pensar em como inserir essas metodologias em um trabalho tão desafiador. Busquei mais leituras, retornei ao CDHEP para fazer a formação em Práticas de Justiça Restaurativa e percebi que, em alguns casos, foi possível outra abordagem e o trabalho teve um resultado diferenciado.

Atualmente atuo como professor em uma Escola Municipal Ensino Fundamental. Em minha sala, na primeira semana apresento aos alunos a metodologia de trabalho e como se configurará as nossas ações. Construímos combinados claros, respeitando a opinião de todos e todas, que poderão ser cumpridos. Caso não sejam, pensamos em como evidenciar as necessidades do grupo afetado e, consequentemente, a resolução restaurativa, em vez de garantir que as pessoas recebam apenas uma punição. Usamos os círculos em todas as ocasiões, seja para receber um aluno que chegou ou para resolver um conflito e os círculos de check-in e check–out, no início e final de cada bimestre, mostrando que todos são responsáveis pelo bom funcionamento do espaço escolar e comunitário. Assim estimulamos o compromisso de assumir suas responsabilidades de maneira reflexiva por meio de um processo colaborativo.

CDHEP: A partir da sua experiência profissional, quais as possibilidades que visualiza para a Justiça Restaurativa em uma perspectiva futura?

Samuel: Em alguns países já temos práticas restaurativas no ambiente escolar. No Brasil isso ainda é recente, temos um modelo de escola que não conhece alternativas que não seja a punição, porém acredito que a JR é o caminho para que as nossas escolas sejam espaços seguros para acolhermos todos e todas respeitando as suas individualidades e que poderá apostar em uma proposta preventiva e em um currículo mais inclusivo.

Agradeço ao CDHEP pela possibilidade de conhecer outra maneira de lidar com o conflito, pois a partir da minha formação adotei novos hábitos e atitudes e isso contribuiu de maneira ímpar em minha vida pessoal e profissional. Isso não significa que não temos situações de violência ou conflitos, porém, temos possibilidades de abordagens mais respeitosas e democráticas.

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